O Recomeço na 3ª Idade - Start in the 3rd Age
por Thais Delboni
O caminho natural da existência humana é nascer, crescer, viver e
morrer….
A formação de uma família com as consequentes responsabilidades é,
geralmente, o caminho seguido pelos jovens. As etapas da vida se sucedem com
alegrias, surpresas, tristezas e decepções normais da existência. Os pais, tal
qual arqueiros, impulsionam seus filhos para alcançar alvos que lhes permitam
viver e trabalhar felizes.
Durante o período de crescimento e desenvolvimento físico,
intelectual e moral, todos estão unidos para alcançar os fins propostos.
Às vezes, com o passar dos anos, surgem dificuldades que mudam o
cenário familiar. Os cônjuges já não comungam dos mesmos ideais, os interesses
são divergentes, o amor vai diminuindo e, de repente, dois estranhos estão a
habitar sob o mesmo teto. Nada mais parece ter sentido e é chegado o momento de
decidir se cada um indo para o seu lado pode corrigir alguma coisa.
A perspectiva de continuar, sozinho ou sozinha, pode ser
assustadora. E os filhos, será o melhor para eles? Nesses momentos a angustia e
o desespero só podem piorar as decisões a serem tomadas. Há necessidade de
firmeza e bom senso para terminar algo falido e começar uma nova caminhada
apostando no sucesso.
E, assim, são todas as etapas da nossa vida: começar, terminar e
recomeçar sempre…. Como dizem os físicos, a vida é o próprio movimento do Universo:
Expansão e Contracção, sucessiva e continuamente.
E que dizer, então, do momento em que os filhos, criados com tanto
desvelo, resolvem partir para iniciar a luta sozinhos ou para constituir a sua
família? É o momento de cortar os cordões, de entender que a nossa missão foi
cumprida e que, está nas mãos deles, o futuro tão preparado….
O ninho, tão vazio, e os risos, tão silenciosos e os beijos, tão
raros…. Os telefonemas, rápidos e, imediatamente, desligados… Nesse exacto
momento é hora de “recomeçar”!
Já estamos numa fase de vida em que novos interesses devem
iluminar nosso caminho, novas perspectivas devem ser encaradas, novos papéis
podem ser desempenhados e, até, novos amores podem nortear nossos passos.
O temor de perder alguém querido, de como enfrentar o fantasma da
ausência sem volta, para além da sombra das doenças incuráveis acaba por levar
a profundas depressões, que tem por origem a nossa própria cultura e sistema de
crenças, que não trabalha bem o luto e a morte, tampouco a certeza única da
vida que é a passagem para a dimensão espiritual. Nada mais errado e sufocante
que esses medos.
Quem viveu conforme suas crenças, seus valores, amou, trabalhou e
deixou marcas positivas em sua passagem terrena, certamente encontrará paz além
da vida. Por isso devemos aceitar a separação passageira com a certeza do
reencontro futuro.
Um poeta brasileiro do Século IX, Francisco Otaviano, escreveu: “
Quem passou pela vida em
branca nuvem, E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da
desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu; Foi espectro de homem,
não foi homem, Só passou pela vida, não viveu.”
O aprendizado e a evolução que podemos fazer ao longo da vida, está directamente ligado às experiências que temos e a maneira como lidamos com cada uma delas. É esse caminho desconhecido e repleto de possibilidades que torna a vida interessante e aliciante.
O aprendizado e a evolução que podemos fazer ao longo da vida, está directamente ligado às experiências que temos e a maneira como lidamos com cada uma delas. É esse caminho desconhecido e repleto de possibilidades que torna a vida interessante e aliciante.
Então, lembremos de viver bem para podermos viver sempre. E,
recomeçar quando preciso, para não perder nada das maravilhas que uma vida pode
oferecer para ser usufruído!
A maturidade esclarece dúvidas, nos permite interagir em ambientes
diversos e entre pessoas diferentes, apontando para novas soluções e prazeres.
Não devemos fugir, muito menos desanimar. É hora de “re-agir”!
Já dizia o filósofo que “o caminho se faz ao caminhar”. Portanto,
conduzamos nossos passos por novos percursos tendo em vista a construção de
algo sólido e gratificante.
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